(08-12-2024 às 00:31:25)
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As Custódias Jóias de Setecentos |
Não sendo uma produção exclusiva da arte portuguesa, o conjunto de custódias setecentistas enriquecidas com pedras preciosas possui no entanto um particular significado. Executadas para a Casa Real, realizadas pelos maiores ourives e joalheiros do seu tempo, são hoje encaradas como testemunhos de um período áureo de diamantes e pedras de cor vindos do Brasil. Visite também, peças com mais valor, Avaliador Oficial e critérios de avaliação. Contacte-nos! Mas o seu significado é muito mais rico, simbolizando toda uma sensibilidade barroca, numa verdadeira apologia dos sentidos e da elevação espiritual através do vislumbre de imensas riquezas materiais. Neste domínio, Portugal orgulha-se de possuir um conjunto único, extraordinariamnete coerente no testemunho de uma espiritualidade e de um optimismo que em muito ultrapassava as Capelas da Corte, e em boa parte se fundamentava sobre as riquezas que chegavam do Brasil a que os portugueses reconheciam as preciosas cargas vindas nas naus da Índia ao tempo de D. Manuel. O século XVIII português, a era dos diamantes, deixou-nos um conjunto de alfaias preciosas, nomeadamente custódias para exposição do Santíssimo Sacramento enriquecidas com pedras preciosas, que não encontra paralelo com outras épocas da nossa história. Apreciadas sobretudo pela sua óbvia espectacularidade e magnificiência, estas custódias, datáveis dos reinados de D. José I e D. Maria I e associadas diretamente aos próprios monarcas, são verdadeiros ex-votos de agradecimento pelas benesses que a esfera divina concedera à nação portuguesa com uma riqueza sem paralelo. Para tal abordaremos as três mais importantes «custódias-jóias» que chegaram no século XVIII, nomeadamente, a custódia oferecida por D. José à Igreja Patriarcal , a custódia do antigo Paço da Bemposta e finalizando com a Custódia de Runa, desenhada pela Infanta D. Maria Francisca Benedita, sua filha e pintora de várias telas que actualmente, adornam a Igreja da Basílica da Estrela. Custódia da Patriarcal Uma das obras mais preciosas que se conservam no riquissimo Tesouro da Sé de Lisboa é a Custódia em ouro enriquecida com pedras preciosas, oferta de D. José I. Trata-se dentro de Setecentos da única custódia realizada totalmente em ouro, pesando 17 209 quilos. A Custódia nasceu do desejo de D. João V ofertar à Igreja Patriarcal uma riquissima custódia em ouro. Dentro da preocupação de elevar a Igreja Católica em Portugal, na união da magnificiência do seu reinado ao culto religioso, a patriarcal era de todos o mais grandioso décor, totalmente destruída no terramoto de 1755. Sete anos mais tarde morrera já D. João V assim como o ourives que iniciara o trabalho, pelo que são entregues ao ourives da rainha, Joaquim Caetano de Carvalho., que a terminaria no prazo de cinco anos. Caetano de Carvalho lavrara uma peça totalmente nova pois a primeira foi destruida no incêndio que desolou o Paço da Ribeira. Não se sabe quem terá sido o autor do desenho da custódia. A nova custódia segue de perto a elegância formal dos primeiros tempos do reinado de D. José, numa adaptação elegante dos modelos romanos do reinado anterior mas que se continuariam a sentir por muitas décadas. A própria utilização do ouro, nao de prata possibilita resultados plásticos sem paralelo, sobretudo na modelação e acabamentos das figuras. O trabalho das cravações das pedras preciosas foi eecutado pelo joalheiro- cravador Tomas António Balduino, que já havia trabalhado na primeira custódia. Estas foram executadas em prata e ouro e depois aplicadas no corpo da custódia. As pedras preciosas dominam os diamantes e os rubis, foram lapidadas por António de Almeida Pereira. Na sua maioria são lapidados em rosa, mesmo os de grandes dimensões, tal como se utilizavam na joalharia da época, não querendo dizer que não se recorria, nas pedras de melhor qualidade, à lapidação em brilhante. A própria custódia igualmente os possuia mas em menor numero.O cravador aplicou os diamantes, sobretudo os do resplendor e do das faces do topo da haste, em engastes de prata muito diminutos fazendo um tremendo efeite com o número de diamantes de dimensões consideráveis muito juntos. O requinte da arte do cravador chega ao ponto de aplicar pequenos rubis no interior dos minusculos turíbulos suportados pelos anjos da haste, imitando brasas de carvão. Não menos importante é a cruz que coroa toda a peça formada por grandes diamantes, com um efeito quase imaterial. A Custódia do real Paço da Bemposta Conserva-se no Museu Nacional da Arte antiga, uma custódia em prata dourada com riquissimas montagens de pedras preciosas proveniente da Academia Nacional de Belas Artes mas que originariamente se encontrava na Capela do Paço da Bemposta em Lisboa, muito enriquecida por ação de D. Pedro III, filho de D. João V e marido da Rainha D. Maria I. Esta magnifica custódia dentro do barroco joanino de inspiação italiana, tem sido habitualmente datada de 1740-50. A lapidação dos diamantes, quase todos em brilhante, em contraste com a Custódia da Patriarcal, em que são lapidados em rosa, segue os modelos consagrados em meados do século XVIII. A joalharia cortesã da altura, sobretudo nos finais do último quartel do século XVIII, encontra-se plenamente representada nas jóias da custódia da Bemposta ou na grande laça para peitilho em diamantes-brilhantes e esmeraldas do Palácio Nacional da Ajuda, ou, sobretudo, nos desenhos das jóias que d. Maria I recebera de Paris. Vejam-se igualmente os laços de diamantes e rubis e as rosetas de rubis e diamantes em pêra no resplendor, as grinaldas que ornamentam a base seguindo o modelo dos alfinetes e colares, ou as riquissimas flores formadas pelas mais diversas associações de pedras de cor, refletindo a joalharia de motivos vegetalistas e florais que caracteriza o período do Rocócó na joalharia europeia. Alguns dos engastes das maiores gemas ded cor da custódia apresentam mesmo os típicos perlados tão comuns na joalharia portuguesa dos dinais do século XVIII, inicio do XIX. A Custódia da Basílica da Estrela A edificação da Basílica do Sagrado Coração de Jesus da Estrela, iniciada em 1779 foi acompanhada pela encomenda de diversas alfaias preciosas a oficinas de Lisboa. A Custódia da Basílica da Estrela foi encomendada ao ourives da prata António José Gonçalves. Este levou pelo feitio 674$400 reis, por a custódia ser de grande trabalho e fora do comum. Ao inverso das custódias anteriores, os diamantes apenas foram utilizados para o belo laço da haste, que ata um ramo de espigas, e para a luneta que suporta a hóstia no interior do viril. De resto foram utilizadas, sobretudo, pedras brancas- crisólitas e águas marinhas- como substitutas dos diamantes. Mais concretamente, foram utilizadas 5940 pedras brancas e 108 diamantes para além de 14 quilates de rubis que decoram a romã, na base da custódia e no arranque da pequena cruz que a coroa, em forma de coração. Custódia do Asilo de Runa O final do ciclo das grandes custódias-jóia é feito com uma obra de características quase únicas, que poderá ser entendida como um verdadeiro mostruário, pio é certo, das pedras preciosas brasileiras, algumas de grandes dimensões como as duas águas marinhas que se encontram na haste. Possui ainda diamantes, 130 no resplendor e 178 nos cachoas de uvas da haste, para além de ametistas, topázios e esmeraldas. O desenho da jóia- atribuído à Infanta, possui grande singelidade, sendo dominado pelo tema da Videira, com dois grandes ramos rompendo de cada lado da Arca da Aliança que serve de base à obra, terminando como suporte do resplendor, em forma de sol, com raios triângulares, com um cariz muito geométrico, sem paralelo na ourivesaria portuguesa até então. É uma obra de grandiosa execução, seja na modelação dos elementos em prata dourada, seja na belissima execução dos motivos em pedras preciosas, como é o caso das folhas de videira em esmeraldas ou os cachos de uvas formados por diamantes. As suas enormes dimensões , com cerca de 1.30 m de altura, surpreendem todos aqueles que a observam. A data da sua execução gira em torno de 1825. Conheça as peças com mais valor! Conheça como se compra e transmite Cautelas de Penhor. Saiba também quais são os nossos critérios de avaliação! New Greenfil Lda, faça parte de uma história de sucesso! |