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Brincos "vazados" e em chapa

 

A expressão "brincos vazados" aplica-se, somente, a determinado tipo de brincos inscritos nos cunhos e não tem em conta o aspecto acabado da obra.

Brincos "Vazados" e em chapa

Destina-se, exclusivamente ao tratamento tipológico dos moldes que apresentam apenas o contorno de formas diversas, das quais se incluem âncoras, losangos, elipses, triângulos, quadrados e outras que merecem um tratamento independente.

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A observação de peças prontas pertencentes a colecções particulares, públicas ou presentes em fotografias, revelam-nos a ocupação do interior desses modelos por chapas relevadas, esmaltadas, idênticas a muitas outras existentes na colecção de ourivesaria popular.
 

Existe alguma dificuldade em compreender a finalidade de muitos cunhos, pelas formas difíceis de tratar que apresentam e pelo facto de hoje não serem praticamente utilizados na oficina. Interpretá-los-emos então, como alfinetes, julgando tratar-se da jóia que melhor se adapta às características morfológicas dessas peças.

Brincos "Vazados" e em chapa

Por outro lado, os pequenos orifícios na parte superior e inferior (ou num só lado) evidentes nos moldes de brincos "vazados", indicam claramente a ocupação desse espaço por outros objectos e comprovam a complexidades destes brincos.  

Os brincos "vazados" funcionavam como a estrutura de suporte à qual se sobrepunha a chapa "lavrada". Este facto tornou possível explicar a relativa sobriedade decorativa dos primeiros que contrasta em absoluto com a exuberância ornamental das segundas.

Brincos "Vazados" e em chapa

Uma fotografia representando uma mulher dos arredores do Porto (zona de Famalicão), da Casa Biel e uma outra, intitulada genericamente mulher do Minho permitiram-nos constatar, ainda, que essas chapas serviam isoladamente para a produção de brincos ocos, brincos que Rocha Peixoto apelidou de pyramidados.

As chapas relevadas apresentam morfologias várias, explicadas pela necessidade de melhor se adaptarem aos espaços vazios que as recebem ou à estrutura independente de um brinco: quadrangular, com faces laterais rectas ou quebradas a meio, oval, losangular (por vezes difíceis de distinguir), rectangular  e triangular.

Brincos "Vazados" e em chapa

Brincos "Vazados" e em chapa

Se estas constituem formas comuns e mesmo banais que não exigem grande demora de análise, a riqueza e profusão dos elementos decorativos, dispostos em composições simétricas ou assimétricas, merecem, pelo contrário, uma atenção especial.

Brincos "Vazados" e em chapa

Brincos "Vazados" e em chapa

Os motivos vegetalistas dominam, sem paralelo, estas superfícies, concorrendo com o maior número de tipos destes ornamentos existentes em todas os cunhos da colecção. Ramos, folhas, flores e frutos ocupam posições bem estudadas e estrategicamente colocadas, preenchendo interiores ou delimitando lateralmente a peça em contornos doces e delicados. Grandes flores de cinco pétalas que Rocha Peixoto entendeu serem figurações de amores-perfeitos, ocupam, a maior parte das vezes, o centro dos objectos.

O interior das pétalas é preenchido por linhas ténues, desenhando contornos vários e delimitando fronteiras de diferentes cores esmaltadas, ou é todo escavado em movimentos axadrezados ou ponteados, como que feitos a punção, perfeitamente reflectidos na chapa fina do metal estampado.

Brincos "Vazados" e em chapa

Os motivos florais, mais ou menos estilizados, ocupam assim um lugar privilegiado no contexto, dispostos isoladamente ou alinhados a modo de grinalda, apresentando tipologias diversas das quais se destacam flores em cálice ou abertas, com quatro, cinco, seis, sete, oito ou nove pétalas e outras que lembram rosas, meias flores dos quais saiem motivos fitomórficos (folhas, gavinhas, flores) e outros ornamentos concheados ou em leque, com esfera inferior saliente.

Brincos "Vazados" e em chapa

Palmetas simplificadas ou envolvidas por cortinas de folhas, trevos, folhas cordiformes ou de limbo variavelmente recortado, com nervura central bem demarcada (por vezes com perlado), são trabalhados em relevos distintos ou preparados para receberem esmaltes polícromos. Frutos periformes, espigas, cachos de uvas ou outras espécies difíceis de destrinçar, com três e cinco bagos, acrescentam-se aos elementos do reino vegetal.

Brincos "Vazados" e em chapa

Flores, folhas e frutos são ligados ou enlaçados por gavinhas e ramos rectilínios ou torcidos, atrofiando-se na luta pelo espaço limitado de que dispõem, em associações meramente fantasiosas, totalmente alheias a qualquer ordem natural.

O próprio remate superior de muitos destes cunhos, ao terminar num ramo tripartido de onde nascem os restantes motivos, proporciona a imagem de um corpo uno e lembra miniaturas dos célebres e floridos palmitos, antigamente transportados pelas noivas minhotas.

Brincos "Vazados" e em chapa

Brincos "Vazados" e em chapa

Os motivos geométricos estão estritamente ligados aos fitomórficos, confundindo-se mesmo com eles: flores pendentes de argolas ou unidas por perlados, elos em cadeia, torçais contornando e delimitando parte da peça, linhas paralelas,reticulados que decoram o interior de algum desenho.

As esferas repetem-se nos remates superiores ou inferiores dos objectos (sobretudo nos de forma oval), ou fazem parte do corpo de flores e folhas.

Brincos "Vazados" e em chapa

Brincos "Vazados" e em chapa

Os restantes elementos figurativos, contrariamente ao que acontecia nas arrecadas e nos brincos compridos, perdem a maior parte das vezes a sua autonomia, semi-ocultos na densa vegetação que os rodeia e servindo eventualmente de suporte aos motivos vegetalistas.

E o que se verifica para as cestas, jarras e cornucopias que sustentam ramos com flores e folhas várias. Machados e setas, dispostos em cruz de Santo André, são cobertos por flores no ponto de intercepção, numa espécie de associação pacífica.

Brincos "Vazados" e em chapa

Brincos "Vazados" e em chapa

Pássaros pousados sobre ramos seguram outros mais delgados e formam o único tema animalista presente nestas peças. O corpo humano aparece representado nas mãos que seguram ramos nos corações metamorfoseados em folhas. A parte de baixo de uma âncora remata,inferiormente, um destes moldes, enquanto a parte superior da mesma perde-se entre motivos vegetalistas diversos.

Brincos "Vazados" e em chapa

Se a variedade de motivos decorativos justifica por si só a importância destes cunhos, demonstrando uma clara "especialização na execução de motivos vegetalistas, determinados subterfúgios técnicos elevam-nos aos mais representativos da colecção.

Brincos "Vazados" e em chapa

Ao traço firme e seguro e à correcção dos desenhos, alia-se a alternância de relevos - baixo, médio, alto e encavo - criando superfícies plásticas de grande efeito estético. O relevo em encavo, aplicado a flores e folhas, constitui uma solução técnica simples e eficaz ao criar barreiras físicas que facilitam a aplicação do esmalte e impedem que este se extravase para os lados.

Brincos "Vazados" e em chapa

Analisados os motivos decorativos presentes nas matrizes destinadas, em parte, ao fabrico de chapas finas que ocupam os espaços livres dos brincos "vazados", passamos a inventariar as diversas estruturas que compõem este grupo.

Âncoras

Seis cunhos apresentam o contorno de uma âncora, motivo este tratado de uma forma mais ou menos estilizada em relação ao modelo original. Os seus tamanhos variam entre três e sete centímetros de comprimento e o seu interior é mais ou menos largo, dependendo da disposição das linhas laterais da peça que formam, assim, três variantes do mesmo tema.

O primeiro e único exemplar é aquele que formalmente se encontra mais próximo de uma âncora comum; a linha inferior mantém o movimento ondulante, repetindo igualmente o mesmo remate em bico, destacando-se o motivo triangular de linhas estriadas, a ela inferiormente ligado.

O braço superior horizontal mantém-se,encimado ao centro por um círculo que se destina a receber a argola de suspensão. A diferença marcante encontra-se ao nível do braço vertical da âncora que desaparece, sendo substituído, no caso específico deste cunho, por duas linhas verticais convexas com ligeiro enrolamente na parte superior e que constituem o elo de união entre as duas linhas horizontais descritas.

Brincos "Vazados" e em chapa

Dispostas deste modo, as duas linhas criam um espaço central aberto coberto, posteriormente, por uma chapa do mesmo metal, moldável a esse espaço.

Um desenho presente num trabalho de Conde d'Aurora, incluído num grupo de modelos do oiro usado na Ribeira Lima, reproduz fielmente este modelo de brincos, bem como a solução acabada da peça; o seu interior é preenchido por uma chapa decorada com flores e folhas idênticas às observadas nas chapas estampadas.

O segundo é de todo semelhante ao primeiro, exceptuando o remate inferior, ligeiramente diferente do descrito atrás e das duas linhas verticais que descrevem um movimento côncavo e não convexo.

Brincos "Vazados" e em chapa

O terceiro tipo, constituído por quatro moldes, engloba as peças que apresentam maiores diferenças em relação às anteriores e as que mais se afastam do elemento de inspiração inicial. A estrutura da âncora perde-se nas linhas contorcidas que abrem um espaço central maior e nos motivos decorativos variados: trifólios ou motivos vegetalistas com recortes diversificados, conchas e um motivo próximo à flor de liz.

Como reminiscência do objecto inspirador evidencia-se, apenas, o friso inferior em forma de crescente, com remates triangulares evidenciados ou não. Uma fotografia do catálogo representa uma mulher com um par destes brincos, de grandes dimensões, diferindo dos modelos da colecção apenas pelo motivo apenso à linha curva inferior da âncora.

Brincos "Vazados" e em chapa

A proximidade com que foi tirado o retrato permite observar, em pormenor, a riqueza decorativa da chapa que cobre o interior do objecto, de composição assimétrica: cesta, mão, ave, e uma grande variedade de motivos fitomórficos como gavinhas, folhas e flores diversificadas, destacando-se na parte superior e ao centro um amor-perfeito.

Na obra Ouro popular português é possível observar-se, também, um par deste tipo de brincos fabricados na actualidade. Os motivos decorativos moldados na zona superior e inferior da peça não são iguais a quaisquer dos existentes nos "brincos em âncora" da colecção, mas repetem-se noutros cunhos, pelo que esta diferença não é significativa. Uma vez mais se pode aferir que os motivos decorativos existentes nas peças em chapa, repetem-se nos mais diversos modelos, servindo de fonte de inspiração mútua.

Brincos "Vazados" e em chapa

Um par de Brincos estampados, âncora, segundo título atribuído no catálogo da Ia Exposição de ourivesaria artesanal, parece corresponder formalmente a estes modelos. A Marca do Porto, de 1880-1881, neles incisa, fornece-nos a datação mais antiga (até ao momento conhecida) relativamente ao fabrico destes adornos. Um outro par de brincos com a mesma forma, existente no MAPL, dá-nos notícia que estas peças foram produzidas na ja conhecida oficina de António Gomes Filho & Sá, da Póvoa de Varzim.

São de prata dourada e a chapa relevada que cobre a estrutura do brinco, fixa a ele por intermédio de dois ganchos, apresenta esmaltes polícromos - amarelo, cor-de-laranja e negro - sobre trifólios e amor-perfeito.

Brincos "Vazados" e em chapa

Cabaça"

Escolheu-se este nome para os "brincos vazados", cujo corpo é constituído por dois segmentos de círculo, sendo o superior mais pequeno do que o inferior, imitando, desta forma, linearmente uma cabaça. O espaço interior é mais ou menos alargado, arredondado ou esguio.

Brincos "Vazados" e em chapa
Os motivos decorativos, essencialmente de cariz geométrico ou vegetal, alojam-se em cima e em baixo, ao centro e nos lados, no lugar onde quebra a linha, por vezes rodeando-a na totalidade ou em parte. Esferas, perlados, torçais, cordas contornando o perímetro da peça encontrando-se inferiormente em nó solto, palmetas compósitas, folhas e flores distintamente recortadas, gavinhas, frutos periformes, corações, cruzes, cestas, escudetes, constituem os motivos ornamentais destes brincos, os mais decorados dentro do grupo dos "vazados".

Losango

Tratam-se dos brincos que apresentam as faces rectas, dispostas em forma de losango e que fazem concentrar os elementos decorativos nas quatro extremidades do motivo.

Brincos "Vazados" e em chapaOs ornamentos dos modelos anteriores repetem-se, com destaque para as gavinhas que se estendem pela zona exterior das paredes laterais das peças, esferas, elementos fitomórficos de recortes vários, folhas, flores simples ou com caule, cestas e conchas.

Oval e triângulo

Neste grupo, incluem-se as matrizes compostas por linhas mais ou menos arredondadas que descrevem uma oval perfeita ou um contorno triangular, sempre que a linha inferior tende para a horizontalidade e as faces laterais unem-se em aresta viva na parte superior.

Brincos "Vazados" e em chapa

Brincos "Vazados" e em chapa

As diferenças (por vezes mínimas) entre estas duas figuras geométricas dependem, quase sempre, da forma como estão colocados ou distribuídos os elementos decorativos que as compõe, razão que explica o seu tratamento no mesmo grupo.

Os brincos medeiam entre contornos simples, lisos, cuja dimensão não necessita de cobertura em chapa relevada, ou entre estruturas densamente cobertas com motivos decorativos idênticos aos observados nos objectos anteriores: ornamentos fitomórficos variados, naturalistas ou estilizados, como gavinhas, flores em cálice afectas a nenúfares, folhas cordiformes, alongadas, trifoliadas ou polilobadas de grande efeito plástico, caules tratados como cobras, ou recortados formando um friso, conchas, pequenos elos em cadeia, esferas, palmeias geminadas ou as peculiares "braçadeiras" já analisadas nas argolas.

Brincos "Vazados" e em chapa

O par de brincos em ouro, já citado, pertencente à Colecção V. Niepoort, do Porto, datados do [século XIXI179, enquadra-se no conjunto de brincos ovais com um desenho muito semelhante aos analisados nos cunhos da colecção

A chapa de ouro relevada que os cobre, idêntica a muitas encontradas na oficina estudada, foi retocada com esmalte azul e branco, colocado sobre as folhas e flores já preparadas para esse efeito. Uma fotografia do livro Ouro popular português, representa um outro par de brincos de ouro de forma oval e linhas laterais onduladas, apresentando soluções técnicas e decorativas muito semelhantes às do par anterior e às dos cunhos em análise.

Sabemos, segundo informação dada, que se trata de uma peça de fabrico actual, desconhecendo, no entanto, o nome da oficina que os trabalhou.

 

Quadrado

Três moldes compõem-se de estrutura quadrangular, tipo moldura. Um deles, muito simples, é apenas decorado superiormente por uma meia-esfera e linhas entrelaçadas que envolvem essa face do quadrado. 

Com um esquema idêntico a este, um outro cunho tem colocado sobre a esfera uma cruz, repetindo toscamente o familiar motivo Globo/Cruz e, inferiormente, um elemento vegetalista apenso ao quadrado. O último, o mais profusamente decorado, faz centrar na parte de baixo um motivo vegetalista concheado, rodeado por folhas cordiformes e gavinhas que trepam pelas faces laterais do quadrado.

Brincos "Vazados" e em chapa

A zona superior, de contorno triangular, remata com um motivo floral de cinco pétalas que envolve o vértice da figura.

Outros

Alguns cunhos apresentam formas complexas, fazendo combinar linhas curvas com linhas rectas, côncavas ou convexas, dificilmente integráveis em quaisquer dos grupos tratados atrás. Os ornamentos provêm essencialmente do mundo geométrico e vegetal: esferas, perlados, torçais, volutas, formas de "diamante", escudetes, palmetas, triângulos invertidos rodeados por perlado, gavinhas, trifólios e flores, conchas, diversamente combinados e trabalhados.

Brincos "Vazados" e em chapa

Brincos "Vazados" e em chapa

Dois moldes merecem uma atenção particular por apresentarem um corpo alongado, vazado, com contornos definidos por ornatos curvilíneos: motivos em S, volutas, esferas e linhas lisas ou estriadas, unidas entre si, de composição plana. Os orifícios, marcados superior e inferiormente no interior, apontam para a colocação posterior de um pingente ou chapa "lavrada".

Brincos "Vazados" e em chapa

Pela diferença formal e decorativa estranha a todos os outros moldes estudados, um outro cunho merece igualmente, um tratamento independente; o corpo do brinco compõe-se de três partes bem distintas, sendo a do meio em lágrima ou em coração invertido, encimada por um motivo único composto por meio quadrado sobreposto por três esferas em decrescente, estando ligada inferiormente a um elemento ondulante e recortado, enrolado nas extremidades, contrariando, assim, a rigidez das restantes linhas da peça.

Brincos "Vazados" e em chapa

Fonte: SOUSA, Ana-Uma Técnica Milenar numa Oficina de Gondomar, in Ourivesaria Estampada e Lavrada. vol.I,Porto,1997, pp. 102-109..

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